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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto em : pt.wikipedia.org 

 

ALFREDO PEDRO GUISADO

( Portugal )

 

Alfredo Pedro Guisado (Lisboa30 de Outubro de 1891 - 2 de Dezembro de 1975) foi um poeta, deputado, político e jornalista português. Colaborou na edição n.º 1 da revista Orpheu, sendo considerado o mais injustamente esquecido poeta de Orpheu.

Alfredo Pedro Guisado, poeta de ascendência galega, nascido a 30 de Outubro de 1891, na praça D. Pedro IV, número 108, em Lisboa, filho de Benita Abril Gonzalez e de António Venâncio Guisado, naturais de Pias, aldeia do município de Ponteareas, província de Pontevedra, Espanha.

Alfredo Guisado também escreveu poesia usando o pseudónimo de Pedro de Meneses.
(...)

 

Estudou no Liceu do Carmo e formou-se, em 1921 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Ver biografia completa em: pt.wikipedia.org/

 

MEIRELES, Cecília.  Poetas Novos de Portugal.  Seleção e  prefácio de Cecília Meireles.  Rio de Janeiro: Edições Dois Mundos Editora Ltda, 1944.   315 p.   (Coleção Clássicos e Contemporâneos, dirigida por Jaime Cortesão.                          Ex. bibl. Antonio Miranda

 

RECORDANDO

Sinto as cores, da noite, terem medo
e acolherem-se à sombra do teu luto.
Eu fui um rei dos godos, que em Toledo
o Tejo adormeceu e ainda escuto.

Cercam-se de oiro as salas que habitei,
oiro-cinza esquecido, oiro dormente.
E em minha Alma, na qual inda sou rei,
Cismo tronos caindo lentamente.

Buscam-me pajens tristes nos caminhos.
E a minha lenda sem sonhos pergaminhos
vai escrevendo em silêncio o meu cismar.

São outros os domínios que vivi.
Todas as coisas que eu outrora vi
regressaram mistério ao meu olhar.

MÃOS DE CEGA

1.

Sinto que as tuas mãos são teus olhos vencidos,
teus olhos esquecendo as orações da luz
são claustros apagando os passos esquecidos
de Deus ao regressar de amortalhar Jesus.

Sinto-as tanger ainda os violinos velhos
onde os dedos saltando em cordas de oiro, à tarde,
te cegaram de som.  E em candelabros arde
o teu antigo olhar emoldurando espelhos.

Teus dedos ao bater nas tuas mãos são remos,
inda vejo nas salas do palácio, arfando,
As tuas mãos de Dor entreabrindo as portas.

Buscamo-nos em cor e quando nos perdemos
passam as tuas mãos em nossos dedos, cismando
estátuas de marfim sobre as arcadas, mortas...

 

2.

Morreram os leões que guardavam pedidos
a branca escadaria.  Velhos leões sombrios...
Deles apenas resta o eco dos rugidos
que os arcos dos salões tornaram mais esguios.

As rendas que fiaste adormeciam bocas
e as rugas no teu rosto iam caindo, fundas...
No fim  do parque, à noite, as águias moribundas
guardavam em silêncio as destroçadas rocas.

Fiavas noutro tempo os teus olhos dormentes.
Deixaste de os fiar e os teus olhos arderam
na cor das tuas mãos, na cruz de outros poentes...

Cega de mim, partiste.  E quando regressaste
manchada de Distância, os meus sentidos eram
palmeiras ladeando a estrada onde passaste!

 

*

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Página publicada em abril de 2022


 

 

 
 
 
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